Entrevista à Redatora do Caderno
Viva do Jornal Diário do Nordeste, Rose Mary Bezerra, com Dagmar
Ramos, em 18-10-2009.
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"A
Organização Mundial de Saúde já admite o caráter
multifatorial da doença, a importância dos aspectos emocionais e
ambientais na gênese e no prognóstico de uma infinidade de
patologias, além dos condicionantes genéticos e tendências
familiares". Com este parecer a médica homeopata,
psicoterapeuta e diretora do IBS Sistêmicas (Instituto de
Soluções Sistêmicas), de Goiânia, Dagmar Ramos, elucida a
grande abertura da ciência, nas últimas três décadas, para o
paradigma sistêmico, atualmente muito difundido em várias áreas
do conhecimento e, por alguns grupos, com as constelações
sistêmicas, desenvolvidas pelo padre e terapeuta alemão Bert
Hellinger.
A
médica se encontra em Fortaleza para ministrar workshop sobre
Constelações Empresariais e se prepara para em 2010 iniciar uma
formação de dois anos, também em nossa Capital, em Constelações
Familiares. Em entrevista ao Viva, ela esclarece alguns pontos
desta abordagem, que não é tão nova assim, embora esteja
atualmente em franco desenvolvimento.
Como
a visão sistêmica tem contribuído para ampliar a percepção do
ser humano entre os profissionais de saúde?
O
mundo mudou. Falamos hoje de uma nova ciência, de um paradigma
científico aberto, com a Física Quântica e com as fenomenais
descobertas no campo da Biologia e da Química: é inexorável que
sejamos chamados a ampliar nossa visão sobre a doença e o ser
humano. O pensamento sistêmico é uma forma de abordagem da
realidade em sintonia com este novo paradigma, contrapondo-se ao
reducionismo mecanicista da visão anterior e abrindo-nos para a
compreensão da natureza sistêmica da vida e suas vastas redes de
interligações. A visão sistêmica nos leva à
interdisciplinaridade e nos permite ampliar também nosso campo de
atuação profissional. A compreensão do ser humano como partes
conectadas de engrenagem mecânica, há muito cedeu lugar para a
visão do todo presente em cada célula, cada parte, em campos de
ressonância complexos e ordenados, em interação total com a
natureza, como um todo.
Como
a doença agora é vista?
Dentro
deste contexto de interações, a doença passou a ser observada
como desordem. Ou seja, tendo suas causas investigadas em ações
e reações a toda ordem de fatos, de diversas origens, com
impactos variados na homeostase humana. Em nossa atuação com as
constelações, hoje podemos compreender melhor o caráter
sistêmico e transgeracional do adoecer humano, tanto nas
desordens relacionais, quanto nos sintomas e doenças físicas ou
mentais.
Quais
os fatores que estão levando mais as pessoas a adoecerem, com
males como obesidade, depressão e câncer?
Aqui
temos exemplos dolorosos e pertinentes de doenças comuns da nossa
cultura atual: a obesidade, a depressão e o câncer. É inegável
o caráter sistêmico, em grande medida, destas condições. E a
influência nas suas gêneses das dinâmicas culturais, as quais
nos levaram a uma fragmentação interna e ao afastamento de nossa
natureza real, biológica e anímica. Nosso corpo físico se
ressente do sedentarismo e dos erros alimentares impostos pelos
atuais princípios culturais desordenados. Assim como nosso corpo
emocional adoece diante da ilusão de separatividade com o todo e
das interferências na rede de conversações com o outro. Bert
Hellinger, no seu insight fenomenal sobre "as ordens do amor"
no sistema familiar, nos revela os profundos vínculos, atuais e
transgeracionais, a que estamos submetidos - em geral - de forma
inconsciente e que, muitas vezes, determinam nossa condição de
adoecimento. Particularmente no câncer, temos tido a oportunidade
de confirmar, através do trabalho das constelações, esta
influência sistêmica no seu desenvolvimento. Em alguns casos, a
dinâmica revelada era o impulso de seguir na morte algum
familiar. Muitas vezes, tratava-se de uma criança (um filho)
disposta a "sacrificar-se" para que o pai ou a mãe, em
movimentos de abandono da vida, pudessem viver. É o que
aprendemos a chamar de "amor inocente da criança" pois,
na realidade, o que está levando o pai ou mãe amados a deixar a
vida, é mais forte que sua intenção de impedir.
Identificar
essas conexões ocultas ajuda a mudar padrões?
Sim.
Por exemplo, encontramos algumas vezes, em casos de câncer de
mama, uma dinâmica de identificação com dores emocionais
profundas e não resolvidas de antepassados, geralmente mulheres,
da família. Os casos de obesidade, assim como de anorexia,
costumam estar relacionados a movimentos interrompidos em direção
ao pai ou à mãe. Na depressão, em nossa experiência assim como
na literatura médica a respeito, encontramos dinâmicas de
identificação com uma morte prematura, muitas vezes de irmãos,
também abortos e natimortos na família de origem, como se fosse
um movimento de "não permissão interna para ficar na vida".
Frequentemente, também observa-se a identificação de indivíduos
deprimidos com sentimentos de profunda mágoa e raiva, não
expressos, tanto seus como de um familiar antepassado.
Como
se dá o aconselhamento e consulta de um médico ou psicólogo que
tem a formação na área sistêmica?
O
aconselhamento psicológico e/ou uma consulta médica, a partir de
uma visão sistêmica, ampliam em muito as possibilidades de bons
resultados na ajuda a que se propõem. Nosso olhar é direcionado
para o todo, para a família, a comunidade, etc. Evitamos o
julgamento precipitado. Todos os citados e envolvidos são
acolhidos por nós, nos colocamos em uma posição de escuta
perceptiva e temos, assim, melhores condições de fazer um
diagnóstico preciso e adotar um procedimento eficaz. Hoje já
sabemos que a abordagem sistêmica também contribui, inclusive,
na área empresarial.
Quais
são as áreas hoje em que as constelações são realizadas?
As
constelações sistêmicas estão hoje presentes, com força, nos
grupos e organizações. Assim como não podemos mais estudar o
ser humano de forma fragmentada ou mecanicista, nosso olhar para a
organização precisa ver o todo e suas inter-relações, suas
dinâmicas historicamente produzidas, sua rede de conversações
internas e externas, identificar as forças que estão presentes e
atuantes, suas ordens e desordens sistêmicas. As constelações
sistêmicas são utilizadas em vários momentos da consultoria a
pessoas, organizações ou empresas, sejam elas profissionais,
curriculares ou de carreira, no desenvolvimento de pessoas; de
diagnóstico, explicitando dinâmicas ocultas;de prognóstico,
antevendo forças atuantes num futuro próximo. Na tomada de
decisões (quando o cliente está diante de opções a serem
definidas); constelação de cenário, visando explicitar
possíveis cenários e estratégias.
Uma
outra área em que as constelações já demonstram grande
potencial é na educação, seja enquanto abordagem pedagógica ou
na orientação ( aqui a escola é vista como um organismo vivo).
O IBS Sistêmicas iniciou um trabalho de formação de professores
e orientação a pais e dirigentes de escolas, que chamamos de
Pedagogia da Interação Sistêmica, a exemplo do que já existe
principalmente na Alemanha, na Espanha, na Argentina e no México.
Através desta metodologia, podemos compreender a escola enquanto
um lugar de encontro de sistemas que interagem, o familiar dos
alunos e dos professores, a comunidade, o sistema educacional, as
políticas da educação e os governos, a escola-empresa e suas
dinâmicas internas. Assim nossa ação torna-se abrangente e com
amplas possibilidades no sentido de trazer ordem e paz ao
sistema-escola, em questão.
Experiências
de grande impacto vêm sendo desenvolvidas também com as chamadas
constelações políticas ou sociais. O exemplo maior neste
sentido é de um projeto junto ao Governo da África do Sul,
coordenado por uma equipe de consultores alemães.
Este
trabalho tem em vista a promoção da harmonia entre pessoas e
grupos. Isso é possível sem a presença de todos os integrantes
de um sistema?
Hoje
sabemos que a constelação age no campo mórfico do sistema em
questão, seja familiar ou organizacional. Utilizamos aqui o
conceito de "campo mórfico" desenvolvido por cientistas
da Biologia, como Rupert Sheldrake e outros. Um membro do sistema
busca esta ajuda, coloca sua questão para ser "constelada"
e o resultado pode tocar o campo todo, provocando então ondas,
que afetarão o sistema trabalhado e assim as pessoas que
pertencem e interagem com este sistema. É um fenômeno que ainda
está sendo estudado, mas a teoria que mais similitude apresenta,
até o momento, no sentido de uma explicação deste fato
observado na prática, é a teoria dos campos mórficos, também
chamados de campos de presença ou oniscientes.
De
que forma o entendimento das ordens do amor tem contribuído para
harmonizar os sistemas humanos?
No
momento em que tomamos consciência destas ordens e suas possíveis
desordens, em nosso sistema familiar ou organizacional, sentimos o
impulso por uma mudança de atitude, por abrirmos o coração
quando o percebemos bloqueado por algo que nem tínhamos
conhecimento. É natural desejarmos estar em ordem e no fluxo do
desenvolvimento harmônico e feliz em nossas vidas. Encontramos,
neste sentido, grande ressonância nos estudos de outro cientista
da Biologia, respeitado em todo o mundo - o professor chileno
Humberto Maturana - quando afirma que "o que funda o humano é
o amor. Amor enquanto aceitação do outro como legítimo outro na
convivência", afirma.
FIQUE
POR DENTRO
Doenças
são estudadas em suas relações sistêmicas
O
Sisc-Study (Sintomas, Doenças e Constelações Sistêmicas) foi
iniciado por grupos de cientistas alemães e de outros quatro
países, contando com a participação de consteladores sistêmicos
do Brasil.
Segundo
Dra. Dagmar Ramos, que participa do estudo, dirigido pelo Dr.
Gunthard Weber, da Universidade de Heidelberg, da Alemanha, o
objetivo é estudar o fenômeno das constelações no atendimento
a pacientes com sintomas ou doenças.
"Partimos
de algumas condições que nossa prática clínica já apontava
como sensíveis a este método, principalmente a fibromialgia,
doença de Crohn, insônias persistentes e infertilidade do casal,
sem causa orgânica".
Dra.
Dagmar Ramos explica que trata-se de uma pesquisa qualitativa,
voltada também para orientar os terapeutas consteladores sobre
esta particularidade do trabalho sistêmico. "No momento,
estamos nos dedicando a escrever as observações, a fim de
publicar um livro e um site específico sobre o assunto", diz
ROSE MARY
BEZERRA
REDATORA |
Fonte:
Disponível em:
<http://www.ibssistemicas.com.br/site.do?idArtigo=187>.
Acesso em 27 de maio de 2013.
Entrevista de Dagmar Ramos para o
Diário do Nordeste, Fortaleza - Ceará, em novembro de 2008.
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Íntegra
da entrevista concedida por Dagmar Ramos à jornalista Rose Mary
Bezerra, redatora do Diário do Nordeste, de Fortaleza – Ceará,
publicada em 09/11/2008
(http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=587235)
Rose
Mary: Poderia nos esclarecer o que levou uma médica ao
caminho da Psicologia Transpessoal e das terapias sistêmicas da
Constelação Familiar?
Dagmar:
Sim. Hoje, aos 50 anos de idade e com quase 30 anos de medicina,
olho pra trás e vejo que ao escolher este caminho profissional,
minha alma já sabia o que buscava, pois reconheço na
profissional da ajuda que sou hoje, a necessidade de ter
percorrido as salas de aula, os corredores hospitalares, os
laboratórios de química, biologia e anatomia que somente uma
Faculdade de Medicina poderia me proporcionar. Inquieta e sempre
conectada com uma força, que hoje sei pertencer ao campo mórfico
de minha família, tanto paterna, quanto materna, uma força que
me impulsiona para o aprofundamento do conhecimento do ser humano
e um compromisso social com esta informação. Especializei-me
então em Medicina Preventiva e Social, trabalhei alguns anos como
médica clínica e sanitarista nas periferias da cidade de São
Paulo, dirigi serviços de saúde, coordenei a implantação de
vários programas técnicos e sociais nesta área, aprofundei no
tema em estágio na Itália e encontrei na Homeopatia, o caminho
de volta para a medicina clínica e o olhar focado no ser humano
individual e inteiro ali na minha frente. Enquanto uma medicina
holística e integral, a Homeopatia me despertou para os aspectos
psíquicos e espirituais, já presentes na minha formação
humana, familiar e religiosa. Seres em situação de perturbação
mental chegaram até o meu consultório e eu me vi obrigada a ir
além nos meus conhecimentos científicos médicos e fui estudar a
Psicologia. Na psicologia transpessoal, particularmente na Escola
da DEP - Dinâmica Energética do Psiquismo, que inclusive tem um
núcleo aqui em Fortaleza, fui iniciada neste campo do saber e
nesta autotransformação interior que me possibilitaram ampliar o
olhar também para fora e enxergar melhor o “outro” que se
aproximava de mim buscando ajuda médica, psicológica e/ou
espiritual. Chegar na Terapia Sistêmica Fenomenológica de Bert
Hellinger – as Constelações Sistêmicas, foi algo natural e
inexorável. Os pressupostos teóricos deste método, sua base
filosófica, seu caráter fenomenológico, são qualidades já
presentes em outras escolas do campo da terapia espiritual em todo
o mundo e no Brasil particularmente na Escola da DEP .
Rose
Mary: A senhora ainda clinica? Como esses novos enfoques têm
contribuído para a saúde de seus pacientes?
Dagmar:
Sim. Além do meu consultório particular, trabalho como médica
homeopata e psicoterapeuta no Hospital Espírita Eurípedes
Barsanulfo em Goiânia. Incluí o trabalho das Constelações
Sistêmicas na minha clínica e como muitos outros profissionais,
de vários países, que já eram psicoterapeutas quando conheceram
o trabalho das Constelações, atuo com um método próprio, uma
síntese que inclui todo o conhecimento já existente e o que vem
chegando, num processo dinâmico e diverso, em sintonia com a
diversidade e a singularidade de cada paciente, cada família,
cada sistema.
Rose
Mary: O tratamento homeopático se coaduna com estas outras
abordagens sistêmicas? De que forma?
Dagmar: Certamente. A homeopatia parte de um princípio
sistêmico, da similitude energética dos seres vivos, das
interações entre o ser humano e a natureza, da visão total e
integrada do ser. Além do mais, ao nos abrirmos para a percepção
sutil dos campos e a observação dos fenômenos presentes nas
constelações, treinamos o nosso olhar e a nossa intuição e
podemos potencializar nossa síntese na busca do remédio
homeopático similium. Meus pacientes e eu ganhamos em
tempo e em qualidade. Sou grata ao Bert
Hellinger também por isto. Temos, inclusive, usado o método
fenomenológico das constelações, para a repertorização
homeopática, quando precisamos definir entre poucos medicamentos.
Este é um trabalho novo, muito promissor, que também está sendo
desenvolvido na Alemanha, por profissionais da Homeopatia.
Rose
Mary: Poderia citar alguns casos de pacientes (dois ou três)
ou situações em que a abordagem sistêmica soluciona problemas
de saúde? Como isso ocorre? É eficaz? Permanente?
Dagmar:
Está em andamento uma pesquisa científica de amplitude
internacional, com a participação de 7 países, dirigida pelo
Dr. Gunthard Weber - médico psiquiatra,
catedrático da Universidade de Heidelberg e um dos maiores nomes
no campo das Constelações Sistêmicas, familiares e
empresariais, hoje no mundo – chamada Sisc-Study, ou seja,
Sintomas, Doenças e Constelações Sistêmicas. Eu coordeno uma
das equipes desta pesquisa, no Brasil e já podemos afirmar que as
Constelações Sistêmicas atuam de forma impressionante na
solução de sintomas e doenças. São inúmeros casos já
comprovados pela experiência clínica e agora, esta pesquisa,
pretende sistematizar e aprofundar esta questão. Eu considero que
estamos diante de uma verdadeira revolução na Medicina chamada
Psicossomática. Estamos presenciando resultados impressionantes
em casos de fibromialgia, insônias persistentes, dores crônicas,
infertilidade, eczemas e outras doenças.
Por
outro lado, o potencial terapêutico, de alívio e melhoria nos
casos graves, de preparação e suporte psíquico e espiritual de
pacientes com doenças terminais e incuráveis, é muito grande.
Nós
chamamos este tipo particular de constelação de “constelações
de sintomas” e desenvolvemos um método próprio de lidar com
estas questões. Eu posso dizer que este é um trabalho, diante do
qual, eu me sinto numa profunda psicossíntese com tudo que já
percorri, nesta vida - quiçá em outras.
Vou
apresentar em Fortaleza, na palestra inicial ao meu Seminário, o
caso de uma paciente, uma médica, que teve um resultado muito bom
ao tratar seu “sintoma compulsivo” com uma constelação.
Este
caso foi apresentado no VI Congresso Internacional de Constelações
Sistêmicas, na Alemanha, em 2007, representando o Brasil neste
evento e transformado em um DVD didático: “Sapatos com Laços
de Destino”.
Outro
caso acompanhado por mim, de uma paciente portadora de uma insônia
grave e persistente, foi publicado na Revista do IAG - Associação
Alemã de Constelações e pode ser acessado pelo nosso site
(www.ibssistemicas.com.br) em “publicações / artigos”.
Rose
Mary: Há quem diga que a constelação é um trabalho
espiritual. Outros mistificam e apontam como uma sessão espírita.
A senhora observa também dessa forma? 6. Como os médicos que são
espíritas vêm tratamentos como esses?
Dagmar:
Interessante que este método foi sintetizado por um ex-padre
católico alemão, muito distante da nossa prática com os
fenômenos mediúnicos, tão populares no Brasil, seja no
Espiritismo Kardecista, seja em outras correntes. Mas certamente,
nós que somos familiarizados com estes fenômenos, podemos
perceber similitudes muito interessantes, assim como
peculiaridades de cada processo.
Na
minha opinião, não devemos nos preocupar com rotulações e
conclusões precipitadas. Devemos, outrossim, manter a humildade
do olhar observador, diante do fenômeno espetacular dos
movimentos da alma em busca de re-equilíbrio e ordem nos sistemas
focados e diante do potencial de sensibilidade que qualquer pessoa
pode apresentar, durante uma constelação.
O
trabalho que as Constelações desenvolve, o campo em que elas
atuam, certamente cabem dentro do que chamamos de “espiritual”.
O termo “espírita” é diferente, refere-se a outro campo,
neste caso relacionado principalmente à Doutrina codificada por
Alan Kardec.
Precisamos
cuidar para que o método das Constelações Sistêmicas seja
preservado de deformidades e descaracterizações que ameacem sua
inteireza, seu caráter universal, independente de religião, sua
força e seu lugar no campo terapêutico e de aconselhamento a
pessoas, famílias e organizações.
Neste
sentido existem os Institutos e as Associações Profissionais.
Sou
fundadora no Brasil do Instituto Brasileiro de Soluções
Sistêmicas – o IBS Sistêmicas (www.ibssistemicas.com.br), com
sede na cidade de Goiânia e atuação em outros estados do país,
cujo propósito é sustentar este campo, desenvolvendo e
aprofundando conhecimentos, formando profissionais e atuando
diretamente junto as famílias, empresas e outras organizações.
Rose
Mary: Como ocorre a constelação individual? Para que casos é
indicada? Os problemas de saúde podem ser solucionados também
por essa via?
Dagmar:
O atendimento individual, no consultório, com o método das
constelações, chamado de “constelação individual” ou com
“imagens / objetos” é uma derivação do método no grupo,
desenvolvido principalmente por Sieglinde Schneider que, junto com
seu marido Jakob Schneider, é uma das principais terapeutas da
primeira geração pós Bert Hellinger. É importante que o
terapeuta esteja familiarizado com o método no grupo para então
praticá-lo no consultório, com maior propriedade.
Estaremos
aprofundando este tema com os terapeutas de Fortaleza, quando
teremos a oportunidade de treinar este método e suas inúmeras
possibilidades.
Rose
Mary: Que tipos de emaranhados (emaranhamentos) pode-se
descobrir com a abordagem individual?
Dagmar:
Este é um método novo que nos surpreende pelo seu potencial de
diagnosticar emaranhamentos, muitas vezes bem antigos e não
revelados. Venho utilizando com bons resultados também com
crianças e casais. É um campo que está aberto à nossa
criatividade e longe de ser delimitado exclusivamente uma ou outra
questão.
Agradeço
a sua abertura para esta entrevista e a oportunidade que os
profissionais locais nos proporcionaram de trazer este trabalho
até o Nordeste Brasileiro,
Abraços e até breve, Dagmar
Ramos.
|
Fonte: Disponível em:
<http://www.ibssistemicas.com.br/site.do?idArtigo=170>.
Consultado em 27 de maio de 2013.
Palestra Vivencial e Workshop: “Pedagogia da Interação Sistêmica”
Focalizadora: Maria Abadia Silva *
Palestra Vivencial e Workshop: “Pedagogia da Interação Sistêmica”
Focalizadora: Maria Abadia Silva *
Dirigido
à: Educadores, professores, pais, sociedade em geral.
Datas: Palestra aberta : 13 de Agosto, 2009 – das 19:30 h às 21:30 h
Workshop: de 14 a 16/08
Datas: Palestra aberta : 13 de Agosto, 2009 – das 19:30 h às 21:30 h
Workshop: de 14 a 16/08
A
Pedagogia da Interação Sistêmica é um novo paradigma educativo
que surge para resolver problemas de relações, de aprendizagem e de
conduta e para promover a necessária integração dos sistemas
humanos envolvidos e entrelaçados: o escolar, o familiar e o social.
Esta nova abordagem nasce principalmente das Constelações
Familiares e as Ordens do Amor trazidas por Bert Hellinger e
colaboradores, assim como incorpora os conhecimentos de Humberto
Maturana – cientista chileno de renome internacional, Edgar Morin –
o grande mestre do Pensamento Complexo e outros mestres da ciência
educativa.
Sucesso comprovado em países da Europa, como Alemanha e Espanha e também no México e Argentina, a Pedagogia Sistêmica vem se expandindo pelo mundo e chega a Goiânia pelo Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas, que realiza Palestra Aberta, no próximo dia 13, às 19:30h no Hotel Maione e Workshop, no mesmo local, de 14 a 16 de agosto.
De acordo com a pedagoga Luciene Pinheiro, diretora do Colégio Vida Nova - do Centro de Internação para Adolescentes ( CIA ) do Estado de Goiás e formanda do IBS Sistêmicas, este trabalho tem mostrado resultados surpreendentes: “No trabalho de constelação familiar os alunos aprenderam a respeitarem uns aos outros, a importância da hierarquia nas relações sociais, sentiram-se pertencentes a uma sociedade e deixaram de excluir os diferentes. Por ser uma metodologia breve e sistêmica, percebemos o crescimento e a mudança dos alunos imediatamente, o que nos vem surpreendendo, até por serem adolescentes”.
* Maria Abadia Silva: Arteterapeuta e consultora organizacional na área da Educação e Liderança Sistêmica. Foi Secretária de Estado da Cultura de Goiás e de Goiânia, desenhou e implantou vários projetos de inclusão social, como o bolsa escola em todo o Estado de Goiás. Mestranda em Educação pela UCB – Universidade Católica de Brasília. Estruturou e dirigiu a UNIPAZ – GO. Coordena a área de educação do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas – IBS Sistêmicas.
Informações e contatos:
Dagmar Ramos – Diretora do IBS Sistêmicas
Adriana Barboza - Secretária
Fones: 62-32783895 – 3281 1171 / 81830072, e.mail: contato@ibssistemicas,com.br
http://www.ibssistemicas.com.br/
Sucesso comprovado em países da Europa, como Alemanha e Espanha e também no México e Argentina, a Pedagogia Sistêmica vem se expandindo pelo mundo e chega a Goiânia pelo Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas, que realiza Palestra Aberta, no próximo dia 13, às 19:30h no Hotel Maione e Workshop, no mesmo local, de 14 a 16 de agosto.
De acordo com a pedagoga Luciene Pinheiro, diretora do Colégio Vida Nova - do Centro de Internação para Adolescentes ( CIA ) do Estado de Goiás e formanda do IBS Sistêmicas, este trabalho tem mostrado resultados surpreendentes: “No trabalho de constelação familiar os alunos aprenderam a respeitarem uns aos outros, a importância da hierarquia nas relações sociais, sentiram-se pertencentes a uma sociedade e deixaram de excluir os diferentes. Por ser uma metodologia breve e sistêmica, percebemos o crescimento e a mudança dos alunos imediatamente, o que nos vem surpreendendo, até por serem adolescentes”.
* Maria Abadia Silva: Arteterapeuta e consultora organizacional na área da Educação e Liderança Sistêmica. Foi Secretária de Estado da Cultura de Goiás e de Goiânia, desenhou e implantou vários projetos de inclusão social, como o bolsa escola em todo o Estado de Goiás. Mestranda em Educação pela UCB – Universidade Católica de Brasília. Estruturou e dirigiu a UNIPAZ – GO. Coordena a área de educação do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas – IBS Sistêmicas.
Informações e contatos:
Dagmar Ramos – Diretora do IBS Sistêmicas
Adriana Barboza - Secretária
Fones: 62-32783895 – 3281 1171 / 81830072, e.mail: contato@ibssistemicas,com.br
http://www.ibssistemicas.com.br/
PEDAGOGIA
DA INTERAÇÃO SISTÊMICA
A Educação é um tema da minha vida. Pulsa, comove, palpita, e quanto mais o tempo passa, cresce mais.
Um batimento estranho no coração ao ouvir e sentir esse nome, Pedagogia da Interação Sistêmica, uma forma de unir e integrar os sistemas, escola/família/sociedade, tudo em harmonia, a sua própria harmonia.
Ao conhecer as Ordens do Amor e sua significação e entrar por esse espaço amplo, aberto, inclusivo, receptivo, e à sua abertura para a vida, como a respiração, como o oxigênio, o pulsar, fui me entregando ao seu encantamento e desconhecido.
Esse percurso do tecer interno que tem início muito antes no tempo.
Desde jovem adolescente, eu sonhava uma escola ideal, esse lugar melhor da vida, onde aprendemos, onde o mundo e as pessoas, os encontros acontecem e onde o futuro é gerado, criado e recriado.
A escola sempre foi minha melhor referência, como minha casa, meu lugar interno, minha família e o caminho a seguir.
Após muitos anos trabalhando com a deputada federal Raquel Teixeira, cujo lema é “uma vida pela educação”, ter desenhado e implantado com ela, o Bolsa Escola no Estado de Goiás, um programa que abre a escola à família e à comunidade.
Após outros tantos anos freqüentando a formação holística com Pierre Weil, aprendendo ampliar o olhar para o mundo dos interiores e os mundos que criamos até onde a consciência alcança, após um percurso de luto, após uma dolorosa reconstrução, e já podendo enxergar o que mais fosse possível, sem nada saber, é que fui me encontrar com a Pedagogia sistêmica.
Dagmar, voltando do Congresso de Pedagogia Sistêmica em Sevilha, me procurou com uma revista, Cuadernos de Pedagogia, pra eu conhecer a grande nova, mas naquele momento, eu implantava a Unipaz em Goiânia, e estava tomada de afazeres e ela, médica, com dois filhos crianças, implantando o Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas! Ficou no desejo.
Contudo, nosso encontro estava marcado. Tínhamos uma amiga comum, a Marisa, consultora, mulher do seu tempo, íntegra, inteira, bonita e sábia que, mesmo com um câncer no cérebro, insistia em realizar esse nosso encontro.
Pensamento sistêmico, complexidade, transdisciplinaridade, vida e morte, vida de novo, integrando, fazendo a síntese.
Marisa se foi e nos deixou juntas e entregues a uma descoberta, que nem sabíamos, nem imaginávamos. Um risco? Uma experiência? Apenas acatamos, em silêncio, seu pedido.
Reverenciamos nossa querida amiga, nosso amor por ela, nossa gratidão pelo encontro e iniciamos nossa caminhada juntas.
Quase um ano depois, vamos realizar juntas nosso primeiro seminário e celebrar o lançamento da nossa Formação em Pedagogia da Interação Sistêmica para educadores, pais, pessoas que querem se encontrar e viver este sonho.
A proposta é construir aquele edificio amoroso da escola e abrir, mais ainda suas portas e seu coração.
Maturana enche nosso coração e nossa vida com tanta poesia, e nos mostra o mundo natural que esquecemos, e nos resgata de volta para o sonho da construção, da rede, da relação, da confiança e do amor do ser humano pelo ser humano, pela humanidade, pela vida e pelo mundo.
Quando um trabalho é tão significativo e importante como esse, quando realizá-lo, prepará-lo nos ocupa a vida e a alma dia e noite, quando, através dele nos encontramos com outras pessoas, importantes como Bert Hellinger, como Maturana, como Morin, como a professora Maria Cândida de Moraes e como a Dagmar e a Fátima e como o Maurice, a vida ganha um sentido mais que especial.
Eu sei que nesta escola vou me encontrar com o Erich, meu neto, e com outros netos, e com os outros filhos que não terei, mas que serão os filhos de minha espécie, os filhos que deixaremos.
A vida ganha um sentido de estar vivo, de verdadeiro, porque é um sonho, um ideal, uma promessa, um trabalho que vai se encontrando com os sonhos de muitos outros e se tornando mais real a cada dia, a cada momento.
A vida ganha um sentido que se amplia em múltiplas rodas com todo tipo de pessoas, crianças, jovens e adultos e idosos, dialogando e unindo os vários mundos em expansão, em abraços e sorrisos, como diz a querida Dagmar, um mundo feliz.Maria Abadia Silva/2009.
A Educação é um tema da minha vida. Pulsa, comove, palpita, e quanto mais o tempo passa, cresce mais.
Um batimento estranho no coração ao ouvir e sentir esse nome, Pedagogia da Interação Sistêmica, uma forma de unir e integrar os sistemas, escola/família/sociedade, tudo em harmonia, a sua própria harmonia.
Ao conhecer as Ordens do Amor e sua significação e entrar por esse espaço amplo, aberto, inclusivo, receptivo, e à sua abertura para a vida, como a respiração, como o oxigênio, o pulsar, fui me entregando ao seu encantamento e desconhecido.
Esse percurso do tecer interno que tem início muito antes no tempo.
Desde jovem adolescente, eu sonhava uma escola ideal, esse lugar melhor da vida, onde aprendemos, onde o mundo e as pessoas, os encontros acontecem e onde o futuro é gerado, criado e recriado.
A escola sempre foi minha melhor referência, como minha casa, meu lugar interno, minha família e o caminho a seguir.
Após muitos anos trabalhando com a deputada federal Raquel Teixeira, cujo lema é “uma vida pela educação”, ter desenhado e implantado com ela, o Bolsa Escola no Estado de Goiás, um programa que abre a escola à família e à comunidade.
Após outros tantos anos freqüentando a formação holística com Pierre Weil, aprendendo ampliar o olhar para o mundo dos interiores e os mundos que criamos até onde a consciência alcança, após um percurso de luto, após uma dolorosa reconstrução, e já podendo enxergar o que mais fosse possível, sem nada saber, é que fui me encontrar com a Pedagogia sistêmica.
Dagmar, voltando do Congresso de Pedagogia Sistêmica em Sevilha, me procurou com uma revista, Cuadernos de Pedagogia, pra eu conhecer a grande nova, mas naquele momento, eu implantava a Unipaz em Goiânia, e estava tomada de afazeres e ela, médica, com dois filhos crianças, implantando o Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas! Ficou no desejo.
Contudo, nosso encontro estava marcado. Tínhamos uma amiga comum, a Marisa, consultora, mulher do seu tempo, íntegra, inteira, bonita e sábia que, mesmo com um câncer no cérebro, insistia em realizar esse nosso encontro.
Pensamento sistêmico, complexidade, transdisciplinaridade, vida e morte, vida de novo, integrando, fazendo a síntese.
Marisa se foi e nos deixou juntas e entregues a uma descoberta, que nem sabíamos, nem imaginávamos. Um risco? Uma experiência? Apenas acatamos, em silêncio, seu pedido.
Reverenciamos nossa querida amiga, nosso amor por ela, nossa gratidão pelo encontro e iniciamos nossa caminhada juntas.
Quase um ano depois, vamos realizar juntas nosso primeiro seminário e celebrar o lançamento da nossa Formação em Pedagogia da Interação Sistêmica para educadores, pais, pessoas que querem se encontrar e viver este sonho.
A proposta é construir aquele edificio amoroso da escola e abrir, mais ainda suas portas e seu coração.
Maturana enche nosso coração e nossa vida com tanta poesia, e nos mostra o mundo natural que esquecemos, e nos resgata de volta para o sonho da construção, da rede, da relação, da confiança e do amor do ser humano pelo ser humano, pela humanidade, pela vida e pelo mundo.
Quando um trabalho é tão significativo e importante como esse, quando realizá-lo, prepará-lo nos ocupa a vida e a alma dia e noite, quando, através dele nos encontramos com outras pessoas, importantes como Bert Hellinger, como Maturana, como Morin, como a professora Maria Cândida de Moraes e como a Dagmar e a Fátima e como o Maurice, a vida ganha um sentido mais que especial.
Eu sei que nesta escola vou me encontrar com o Erich, meu neto, e com outros netos, e com os outros filhos que não terei, mas que serão os filhos de minha espécie, os filhos que deixaremos.
A vida ganha um sentido de estar vivo, de verdadeiro, porque é um sonho, um ideal, uma promessa, um trabalho que vai se encontrando com os sonhos de muitos outros e se tornando mais real a cada dia, a cada momento.
A vida ganha um sentido que se amplia em múltiplas rodas com todo tipo de pessoas, crianças, jovens e adultos e idosos, dialogando e unindo os vários mundos em expansão, em abraços e sorrisos, como diz a querida Dagmar, um mundo feliz.Maria Abadia Silva/2009.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Pensamento Sistêmico
O
pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da
realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento
"reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da
Revolução Científica do séc. XVII, como Descartes, Bacon e
Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica,
mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o
desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida
conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições
espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem
como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e
intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento
sistêmico inclui a interdisciplinaridade. Os paradigmas da ciência
segundo o pensamento sistêmico
O pressuposto da simplicidade
1. O pressuposto da simplicidade - a crença em que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que "o microscópico é simples". Daí decorrem, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.
O pressuposto da simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos, prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo. Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude ou-ou, que, de acordo com a lógica, classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber, fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas... Dessa forma criam-se os especialistas, aquele que tem um acesso privilegiado ao saber, estabelecendo-se uma hierarquia do saber.
Os sistemas são concebidos como simples, agregados mecanicistas de partes em relações causais separadas umas das outras, o que resulta em uma concepção de causalidade linear unidirecional, isto é, a causa eficiente aristotélica, como único princípio explicativo admissível.
Outra consequência dessa atitude é a crença de que o mundo é cognoscível desde que seja abordado de forma racional. Uma lógica que procura manter o equilíbrio do discurso através da expulsão da contradição (Morin). A existência de paradoxos, no entanto, faz decair essa postura, o que levou Russel a abordar os paradoxos na forma da teoria dos níveis lógicos.O pressuposto da estabilidade
2. O pressuposto da estabilidade - a crença de que o mundo é estável, ou seja, em que o "mundo já é". Ligados a esse pressuposto estão a crença na determinação - com a consequente previsibilidade dos fenômenos - e a crença na reversibilidade - com a consequente controlabilidade dos fenômenos.
O pressuposto da estabilidade leva o cientista a estudar os fenômenos em laboratório, onde pode variar os fatores um de cada vez, exercendo controle sobre as outras variáveis. Assim, ele provoca a natureza para que explicite, sem ambiguidade, as leis a que está submetida, confirmando ou não suas hipóteses. Ao levar o fenômeno para laboratório, excluindo o contexto e a complexidade, focalizando apenas o fenômeno que estava acontecendo, ele exclui a sua história.
A idéia de "leis da natureza" é a mais fundamental da ciência moderna e tem uma conotação legalista, como se a natureza fosse obrigada a seguir leis... Possivelmente isso está ligado a idéias religiosas que concebem um legislador onipotente. Será que isso não seria uma tentativa de equiparar o conhecimento humano ao divino?
Dessa forma, principalmente a física concebe o mundo "que já é", e não em processo de ser, recorrendo a sistemas em estado de equilíbrio para estudo. Também por isso a física quântica quebrou velhos paradigmas...
Faz parte desse paradigma o pressuposto da previsibilidade: o que não é previsto com segurança é associado a um conhecimento imperfeito, o que leva a uma redução ainda maior do conhecimento por meio do pressuposto da simplicidade. Por conseguinte, a instabilidade de um sistema é visto como um desvio a corrigir. A idéia da controlabilidade dos fenômenos leva a uma interação do especialista na forma de uma interação instrutiva: a crença de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlado e previsível.
O pressuposto da objetividade
3. O pressuposto da objetividade - a crença em que "é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade" e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento.
No pressuposto da objetividade o cientista posiciona-se "fora da natureza", em posição privilegiada, com uma visão abrangente, procurando discriminar o objetivo do ilusório (suas próprias opiniões ou subjetividade). Daí advém a crença no realismo do universo: o mundo e o que nele acontece é real e existe independente de quem o descreve. Com isso obtemos várias representações da realidade, que ajudaria a descobri-la. E o critério de certeza advém daquelas observações conjuntas e reproduzíveis, onde, coincidindo os registros de observações independentes, mais confiáveis e objetivas são as afirmações. A estatística encontra aí um bom campo de atuação.
O relatório impessoal e as normas de trabalho científico orientam uma linguagem impessoal, "como se a caneta fosse um instrumento para a manifestação de uma verdade anônima"... Na verdade, a linguagem impessoal visa a "mascarar" a linguagem de forma a dar uma impressão de ausência de um sujeito, de um pesquisador, onde uma afirmação pode tomar a forma impessoal para mascarar uma opinião pessoal...
Resumindo: a ciência tradicional procura simplificar o universo (dimensão da simplicidade) para conhecê-lo ou saber como funciona (dimensão da estabilidade), tal como ele é na realidade (dimensão da objetividade). Fonte: http://interacaosistemica.blogspot.com.br/
O pressuposto da simplicidade
1. O pressuposto da simplicidade - a crença em que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que "o microscópico é simples". Daí decorrem, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.
O pressuposto da simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos, prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo. Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude ou-ou, que, de acordo com a lógica, classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber, fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas... Dessa forma criam-se os especialistas, aquele que tem um acesso privilegiado ao saber, estabelecendo-se uma hierarquia do saber.
Os sistemas são concebidos como simples, agregados mecanicistas de partes em relações causais separadas umas das outras, o que resulta em uma concepção de causalidade linear unidirecional, isto é, a causa eficiente aristotélica, como único princípio explicativo admissível.
Outra consequência dessa atitude é a crença de que o mundo é cognoscível desde que seja abordado de forma racional. Uma lógica que procura manter o equilíbrio do discurso através da expulsão da contradição (Morin). A existência de paradoxos, no entanto, faz decair essa postura, o que levou Russel a abordar os paradoxos na forma da teoria dos níveis lógicos.O pressuposto da estabilidade
2. O pressuposto da estabilidade - a crença de que o mundo é estável, ou seja, em que o "mundo já é". Ligados a esse pressuposto estão a crença na determinação - com a consequente previsibilidade dos fenômenos - e a crença na reversibilidade - com a consequente controlabilidade dos fenômenos.
O pressuposto da estabilidade leva o cientista a estudar os fenômenos em laboratório, onde pode variar os fatores um de cada vez, exercendo controle sobre as outras variáveis. Assim, ele provoca a natureza para que explicite, sem ambiguidade, as leis a que está submetida, confirmando ou não suas hipóteses. Ao levar o fenômeno para laboratório, excluindo o contexto e a complexidade, focalizando apenas o fenômeno que estava acontecendo, ele exclui a sua história.
A idéia de "leis da natureza" é a mais fundamental da ciência moderna e tem uma conotação legalista, como se a natureza fosse obrigada a seguir leis... Possivelmente isso está ligado a idéias religiosas que concebem um legislador onipotente. Será que isso não seria uma tentativa de equiparar o conhecimento humano ao divino?
Dessa forma, principalmente a física concebe o mundo "que já é", e não em processo de ser, recorrendo a sistemas em estado de equilíbrio para estudo. Também por isso a física quântica quebrou velhos paradigmas...
Faz parte desse paradigma o pressuposto da previsibilidade: o que não é previsto com segurança é associado a um conhecimento imperfeito, o que leva a uma redução ainda maior do conhecimento por meio do pressuposto da simplicidade. Por conseguinte, a instabilidade de um sistema é visto como um desvio a corrigir. A idéia da controlabilidade dos fenômenos leva a uma interação do especialista na forma de uma interação instrutiva: a crença de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlado e previsível.
O pressuposto da objetividade
3. O pressuposto da objetividade - a crença em que "é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade" e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento.
No pressuposto da objetividade o cientista posiciona-se "fora da natureza", em posição privilegiada, com uma visão abrangente, procurando discriminar o objetivo do ilusório (suas próprias opiniões ou subjetividade). Daí advém a crença no realismo do universo: o mundo e o que nele acontece é real e existe independente de quem o descreve. Com isso obtemos várias representações da realidade, que ajudaria a descobri-la. E o critério de certeza advém daquelas observações conjuntas e reproduzíveis, onde, coincidindo os registros de observações independentes, mais confiáveis e objetivas são as afirmações. A estatística encontra aí um bom campo de atuação.
O relatório impessoal e as normas de trabalho científico orientam uma linguagem impessoal, "como se a caneta fosse um instrumento para a manifestação de uma verdade anônima"... Na verdade, a linguagem impessoal visa a "mascarar" a linguagem de forma a dar uma impressão de ausência de um sujeito, de um pesquisador, onde uma afirmação pode tomar a forma impessoal para mascarar uma opinião pessoal...
Resumindo: a ciência tradicional procura simplificar o universo (dimensão da simplicidade) para conhecê-lo ou saber como funciona (dimensão da estabilidade), tal como ele é na realidade (dimensão da objetividade). Fonte: http://interacaosistemica.blogspot.com.br/
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