Educar para a paz
Atos de mobilização levam centenas de alunos às ruas para pedir paz. Em sala de aula, o tema é trabalhado por inúmeras instituições, que buscam despertar valores como a tolerância, o respeito e a solidariedade.
Atos de mobilização levam centenas de alunos às ruas para pedir paz. Em sala de aula, o tema é trabalhado por inúmeras instituições, que buscam despertar valores como a tolerância, o respeito e a solidariedade.
Apesar dos altos índices de violência registrados diariamente em todo o país, muitos cidadãos buscam realçar outra perspectiva, contrária à opressão, à força e ao constrangimento. Em atuação preventiva, ações direcionadas às crianças matriculadas nas escolas e centros municipais de Educação Infantil de Goiânia mostram a possibilidade da paz.
Em todas as regiões da cidade, mais de 130 unidades educacionais têm promovido iniciativas de promoção da cultura da paz, bem como de prevenção e acompanhamento de situações de conflito. Inúmeras outras instituições trabalham a temática inclusa na proposta político-pedagógica, de modo interdisciplinar.
Durante todo o ano, alunos, professores, familiares e moradores participam de palestras, formações, apresentações culturais, estudos e atividades diversas que objetivam cultivar valores, prevenir o uso de drogas, valorizar o patrimônio público, combater o bullying e mobilizar a comunidade para uma convivência pacífica.
A integração de todas estas propostas é realizada por meio da Política Articulada de Educação da Paz (Epaz) da Secretaria Municipal de Educação (SME), instituída em 2011. A Epaz desenvolve estratégias de prevenção aos diversos tipos de violência e promove o intercâmbio entre as instituições educacionais e os intersetoriais governamentais e não-governamentais.
Para a secretária municipal de Educação, Neyde Aparecida, a Epaz tem contribuído para a mudança de posturas, condutas e estilos de vida. A secretária acredita que a contribuição de cada instituição educacional tem feito a diferença junto a cada comunidade no sentido de disseminar e potencializar da cultura da paz.
A coordenadora geral da Epaz, Genivalda Cravo, observa o comprometimento geral das instituições na promoção da paz. “Os professores e servidores da RME estão completamente envolvidos, visando prevenir e propor às crianças e jovens um presente e futuro de bom relacionamento com o outro”, avalia.
Solidariedade e espírito coletivo
Mais de 500 pessoas participaram de passeata pela paz nas ruas do Jardim Curitiba I neste mês. Promovido pela Escola Municipal Ayrton Senna, o evento, que integra a Epaz, mobilizou alunos, familiares, profissionais da instituição e moradores do bairro.
Aliada a uma abordagem constante da temática da paz na escola, a ação foi motivada pelo diagnóstico de que há necessidade de reestruturação das relações humanas e de promoção de valores como a solidariedade junto ao público-alvo da instituição.
Para Luciana, todas as oportunidades de fomentar atitudes pacíficas devem ser utilizadas e necessitam ser presentes no cotidiano. “A paz não deve estar somente no ambiente escolar, em uma data comemorativa ou num evento isolado, mas deve ser praticada por todos, ao longo da vida”, afirma.
Na avaliação da diretora da escola, Luciana Monteiro, o ato conseguiu transmitir uma mensagem positiva à comunidade. “Um morador chegou a dizer que se mais pessoas fizessem como nós, nosso bairro seria outro”, lembra.
A diretora acredita que o mundo contemporâneo requer que os profissionais da educação repensem práticas e conceitos. “As crianças são levadas ao consumismo e há a nítida mudança de valores das famílias, culminando nos altos índices de violência atuais, fatos estes que acabam por perpassar o ambiente escolar”, alerta.
Neste sentido, a escola articula intervenções e acompanhamentos, inclusive com o atendimento de profissional especializado na área de psicoterapia para algumas famílias e crianças. “Nas situações de conflito, buscamos manter o diálogo constante com os professores, alunos e, principalmente com a comunidade”, afirma.
Todos pela paz
A Epaz também mobilizou moradores do Jardim América, Região Sul de Goiânia. Munidos de cata-ventos e balões com mensagens positivas, cerca de 200 alunos da Escola Municipal Jardim América participaram recentemente de ato pela paz.
Crianças da educação infantil, com idade entre zero e cinco anos, e do ensino fundamental, faixa etária de seis a 11 anos, percorreram as ruas do setor até a Praça C-170 na caminhada intitulada “Todos pela Paz”.
Ao final do trajeto, os professores ministraram aula especial ao ar livre, abordando temas que estimulam atitudes de justiça, solidariedade e partilha com o próximo. Com carro de som, a caminhada possibilitou a reflexão por parte de professores, alunos, familiares e moradores ao levar palavras de esperança e de estímulo para a busca de um mundo mais justo e pacífico.
Segundo a diretora, Sirlene França, a ação transformadora da educação, pode ser o diferencial na luta contra a violência. “Acredito que a educação é capaz de transformar a sociedade e que nossas crianças são construtoras de cultura, por isso desenvolvemos ações tanto na escola, quanto junto aos familiares”, destaca.
Ações formativas, apresentações culturais com o objetivo de disseminar a paz também fizeram parte da programação. As famílias das crianças, a maioria residente no Setor Madre Germana II, foram até a instituição para participar de uma ação coletiva. “Foi um momento rico, de interação e colaboração da família para com a escola”, avalia a diretora.
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