Escola para o coração
Proposta preventiva contra doenças psíquicas e para acompanhamento emocional de alunos, professores e familiares inicia atividades em 11 escolas municipais de Goiânia.
Roseneide Ramalho
Proposta preventiva contra doenças psíquicas e para acompanhamento emocional de alunos, professores e familiares inicia atividades em 11 escolas municipais de Goiânia.
Roseneide Ramalho
Um desafio para família e escola
As escolas que participam do programa realizarão encontros semanais, com a exposição dos temas por meio de materiais para os alunos e para os professores que também recebem formação inicial e capacitação à distância. Durante a implementação do programa, estão previstas visitas mensais a cada escola.
Para a psicóloga e representante do programa, Camila Cury, um dos diferenciais do programa é a abrangência aos familiares. “Nós queremos trazer a família mais próxima à escola, mas não para falar de desempenho escolar, mas para falarmos de estratégias educacionais”, explica.
De acordo com a psicóloga, em um cenário de globalização, em que as pessoas estão cada vez mais agitadas, é um desafio educar. “Não vamos entrar no embate sobre o que é o papel da escola, o que é o papel da família, mas pensar no que a família e a escola podem fazer juntas para contribuir para a formação integral desse aluno”, explica.
Preparo também para o professor
Ansiedade, estresse crônico, depressão, pânico ou, em casos mais complexos, síndrome de burnout – a também chamada síndrome do esgotamento profissional, figuram entre as patologias que podem acometer indivíduos cujo exercício profissional requer comprometimento interpessoal intenso.
Entre as categorias mais atingidas, estão os professores.
Para o diretor do Departamento Pedagógico da SME, Francisco Prim, um dos maiores desafios no campo educacional é propiciar melhores condições de trabalho e formas de acompanhamento da saúde psíquica dos profissionais da educação, além de buscar diminuir a indisciplina em sala de aula.
O diretor acredita que a chegada do programa Escola da Inteligência é um importante passo para a concretização desse ideal. “O processo educacional está permeado por conflitos. Trabalhar a inteligência emocional tanto de alunos, quanto de professores será fundamental para a formação de cidadãos conscientes e saudáveis”, reflete.
De acordo com Prim, o programa destaca-se entre outras perspectivas de atuação. “Dentre as várias tentativas de programas que hoje se almeja implantar nas escolas, acreditamos que este programa possa ser uma ferramenta que ajude mais especificamente na implementação de uma politica pública educacional, com reflexos na melhoria e na qualidade da aprendizagem dos alunos nos ciclos de formação e desenvolvimento humano”.
A psicóloga Camila Cury destaca que a conscientização e promoção da saúde deve começar pelo educador. “Ninguém dá o que não tem. Trabalhamos muito essa questão emocional do professor. Recentemente fizemos um questionário em uma das prefeituras em que nós atuamos e 87% deles, numa escala de zero a cinco, disseram que sua vida mudou cinco com a aplicação do programa”, aponta. Para a representante, cedo ou tarde, metade da população sofrerá algum transtorno emocional. “Apesar de o foco ser a criança e o adolescente, é imprescindível preparar o professor e também a família”, completa.
Além de alunos com idade entre seis e 14 anos, participam da Escola da Inteligência professores, coordenadores e apoios técnicos-pedagógicos das unidades regionais de educação nas escolas participantes encontram-se jurisdicionadas. (R.R.)
Paz nas escolas: uma consequência
O projeto psico-pedagógico proposto por Augusto Cury objetiva a paz como resultado do gerenciamento das emoções. Diante de inúmeros casos de impulsividade, agressividade e embates ligados a causas comportamentais, os casos de violência em ambientes escolares têm sido um problema a ser enfrentado.
Para Camila Cury, a sociedade está diante de uma geração que não suporta negativas e frustrações. “Segundo a Universidade de Harvard, estamos diante da geração mais fraca de todos os tempos, uma geração que não suporta um não, uma contrariedade, uma perda. Claro que é uma geração mais agressiva, porque não tem ferramentas para proteger essa emoção”.
A psicóloga esclarece que o caminho é conscientizar esses alunos de que situações adversas fazem parte da vida, seja da infância, adolescência ou melhor idade e que aprender a conviver com essas frustrações é uma capacidade da inteligência que resulta em saúde psíquica e também na paz.
Na direção da escola Professor Trajano de Sá Guimarães, que integra as atividades do programa, Suely Domingas e Silva, observa que a maioria de seus alunos tem controle emocional, entretanto uma parcela que não consegue gerenciar conflitos, acaba tumultuando o ambiente escolar.
Para a diretora, a proposta contribuirá bastante. “Acredito que, melhorando a autoestima, auxiliando a interiorizar valores, podemos ajudar muitos alunos a saírem de uma perspectiva negativa da vida”, pondera.
Atualmente, em todo o país, são mais de 50 mil alunos atendidos pelo programa que é desenvolvido em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Aparecida de Goiânia e cidades do Nordeste.
Fonte: http://www.tribunadoplanalto.com.br/escola-capa/14156-escola-para-o-coracao
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