segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Pedagógia da Interação Sistêmica como Instrumento da Cultura de Paz


Entrevista à Redatora do Caderno Viva do Jornal Diário do Nordeste, Rose Mary Bezerra, com Dagmar Ramos, em 18-10-2009.
"A Organização Mundial de Saúde já admite o caráter multifatorial da doença, a importância dos aspectos emocionais e ambientais na gênese e no prognóstico de uma infinidade de patologias, além dos condicionantes genéticos e tendências familiares". Com este parecer a médica homeopata, psicoterapeuta e diretora do IBS Sistêmicas (Instituto de Soluções Sistêmicas), de Goiânia, Dagmar Ramos, elucida a grande abertura da ciência, nas últimas três décadas, para o paradigma sistêmico, atualmente muito difundido em várias áreas do conhecimento e, por alguns grupos, com as constelações sistêmicas, desenvolvidas pelo padre e terapeuta alemão Bert Hellinger.
A médica se encontra em Fortaleza para ministrar workshop sobre Constelações Empresariais e se prepara para em 2010 iniciar uma formação de dois anos, também em nossa Capital, em Constelações Familiares. Em entrevista ao Viva, ela esclarece alguns pontos desta abordagem, que não é tão nova assim, embora esteja atualmente em franco desenvolvimento.
Como a visão sistêmica tem contribuído para ampliar a percepção do ser humano entre os profissionais de saúde?
O mundo mudou. Falamos hoje de uma nova ciência, de um paradigma científico aberto, com a Física Quântica e com as fenomenais descobertas no campo da Biologia e da Química: é inexorável que sejamos chamados a ampliar nossa visão sobre a doença e o ser humano. O pensamento sistêmico é uma forma de abordagem da realidade em sintonia com este novo paradigma, contrapondo-se ao reducionismo mecanicista da visão anterior e abrindo-nos para a compreensão da natureza sistêmica da vida e suas vastas redes de interligações. A visão sistêmica nos leva à interdisciplinaridade e nos permite ampliar também nosso campo de atuação profissional. A compreensão do ser humano como partes conectadas de engrenagem mecânica, há muito cedeu lugar para a visão do todo presente em cada célula, cada parte, em campos de ressonância complexos e ordenados, em interação total com a natureza, como um todo.
Como a doença agora é vista?
Dentro deste contexto de interações, a doença passou a ser observada como desordem. Ou seja, tendo suas causas investigadas em ações e reações a toda ordem de fatos, de diversas origens, com impactos variados na homeostase humana. Em nossa atuação com as constelações, hoje podemos compreender melhor o caráter sistêmico e transgeracional do adoecer humano, tanto nas desordens relacionais, quanto nos sintomas e doenças físicas ou mentais.
Quais os fatores que estão levando mais as pessoas a adoecerem, com males como obesidade, depressão e câncer?
Aqui temos exemplos dolorosos e pertinentes de doenças comuns da nossa cultura atual: a obesidade, a depressão e o câncer. É inegável o caráter sistêmico, em grande medida, destas condições. E a influência nas suas gêneses das dinâmicas culturais, as quais nos levaram a uma fragmentação interna e ao afastamento de nossa natureza real, biológica e anímica. Nosso corpo físico se ressente do sedentarismo e dos erros alimentares impostos pelos atuais princípios culturais desordenados. Assim como nosso corpo emocional adoece diante da ilusão de separatividade com o todo e das interferências na rede de conversações com o outro. Bert Hellinger, no seu insight fenomenal sobre "as ordens do amor" no sistema familiar, nos revela os profundos vínculos, atuais e transgeracionais, a que estamos submetidos - em geral - de forma inconsciente e que, muitas vezes, determinam nossa condição de adoecimento. Particularmente no câncer, temos tido a oportunidade de confirmar, através do trabalho das constelações, esta influência sistêmica no seu desenvolvimento. Em alguns casos, a dinâmica revelada era o impulso de seguir na morte algum familiar. Muitas vezes, tratava-se de uma criança (um filho) disposta a "sacrificar-se" para que o pai ou a mãe, em movimentos de abandono da vida, pudessem viver. É o que aprendemos a chamar de "amor inocente da criança" pois, na realidade, o que está levando o pai ou mãe amados a deixar a vida, é mais forte que sua intenção de impedir.
Identificar essas conexões ocultas ajuda a mudar padrões?
Sim. Por exemplo, encontramos algumas vezes, em casos de câncer de mama, uma dinâmica de identificação com dores emocionais profundas e não resolvidas de antepassados, geralmente mulheres, da família. Os casos de obesidade, assim como de anorexia, costumam estar relacionados a movimentos interrompidos em direção ao pai ou à mãe. Na depressão, em nossa experiência assim como na literatura médica a respeito, encontramos dinâmicas de identificação com uma morte prematura, muitas vezes de irmãos, também abortos e natimortos na família de origem, como se fosse um movimento de "não permissão interna para ficar na vida". Frequentemente, também observa-se a identificação de indivíduos deprimidos com sentimentos de profunda mágoa e raiva, não expressos, tanto seus como de um familiar antepassado.
Como se dá o aconselhamento e consulta de um médico ou psicólogo que tem a formação na área sistêmica?
O aconselhamento psicológico e/ou uma consulta médica, a partir de uma visão sistêmica, ampliam em muito as possibilidades de bons resultados na ajuda a que se propõem. Nosso olhar é direcionado para o todo, para a família, a comunidade, etc. Evitamos o julgamento precipitado. Todos os citados e envolvidos são acolhidos por nós, nos colocamos em uma posição de escuta perceptiva e temos, assim, melhores condições de fazer um diagnóstico preciso e adotar um procedimento eficaz. Hoje já sabemos que a abordagem sistêmica também contribui, inclusive, na área empresarial.
Quais são as áreas hoje em que as constelações são realizadas?
As constelações sistêmicas estão hoje presentes, com força, nos grupos e organizações. Assim como não podemos mais estudar o ser humano de forma fragmentada ou mecanicista, nosso olhar para a organização precisa ver o todo e suas inter-relações, suas dinâmicas historicamente produzidas, sua rede de conversações internas e externas, identificar as forças que estão presentes e atuantes, suas ordens e desordens sistêmicas. As constelações sistêmicas são utilizadas em vários momentos da consultoria a pessoas, organizações ou empresas, sejam elas profissionais, curriculares ou de carreira, no desenvolvimento de pessoas; de diagnóstico, explicitando dinâmicas ocultas;de prognóstico, antevendo forças atuantes num futuro próximo. Na tomada de decisões (quando o cliente está diante de opções a serem definidas); constelação de cenário, visando explicitar possíveis cenários e estratégias.
Uma outra área em que as constelações já demonstram grande potencial é na educação, seja enquanto abordagem pedagógica ou na orientação ( aqui a escola é vista como um organismo vivo). O IBS Sistêmicas iniciou um trabalho de formação de professores e orientação a pais e dirigentes de escolas, que chamamos de Pedagogia da Interação Sistêmica, a exemplo do que já existe principalmente na Alemanha, na Espanha, na Argentina e no México. Através desta metodologia, podemos compreender a escola enquanto um lugar de encontro de sistemas que interagem, o familiar dos alunos e dos professores, a comunidade, o sistema educacional, as políticas da educação e os governos, a escola-empresa e suas dinâmicas internas. Assim nossa ação torna-se abrangente e com amplas possibilidades no sentido de trazer ordem e paz ao sistema-escola, em questão.
Experiências de grande impacto vêm sendo desenvolvidas também com as chamadas constelações políticas ou sociais. O exemplo maior neste sentido é de um projeto junto ao Governo da África do Sul, coordenado por uma equipe de consultores alemães.
Este trabalho tem em vista a promoção da harmonia entre pessoas e grupos. Isso é possível sem a presença de todos os integrantes de um sistema?
Hoje sabemos que a constelação age no campo mórfico do sistema em questão, seja familiar ou organizacional. Utilizamos aqui o conceito de "campo mórfico" desenvolvido por cientistas da Biologia, como Rupert Sheldrake e outros. Um membro do sistema busca esta ajuda, coloca sua questão para ser "constelada" e o resultado pode tocar o campo todo, provocando então ondas, que afetarão o sistema trabalhado e assim as pessoas que pertencem e interagem com este sistema. É um fenômeno que ainda está sendo estudado, mas a teoria que mais similitude apresenta, até o momento, no sentido de uma explicação deste fato observado na prática, é a teoria dos campos mórficos, também chamados de campos de presença ou oniscientes.
De que forma o entendimento das ordens do amor tem contribuído para harmonizar os sistemas humanos?
No momento em que tomamos consciência destas ordens e suas possíveis desordens, em nosso sistema familiar ou organizacional, sentimos o impulso por uma mudança de atitude, por abrirmos o coração quando o percebemos bloqueado por algo que nem tínhamos conhecimento. É natural desejarmos estar em ordem e no fluxo do desenvolvimento harmônico e feliz em nossas vidas. Encontramos, neste sentido, grande ressonância nos estudos de outro cientista da Biologia, respeitado em todo o mundo - o professor chileno Humberto Maturana - quando afirma que "o que funda o humano é o amor. Amor enquanto aceitação do outro como legítimo outro na convivência", afirma.
FIQUE POR DENTRO
Doenças são estudadas em suas relações sistêmicas
O Sisc-Study (Sintomas, Doenças e Constelações Sistêmicas) foi iniciado por grupos de cientistas alemães e de outros quatro países, contando com a participação de consteladores sistêmicos do Brasil.
Segundo Dra. Dagmar Ramos, que participa do estudo, dirigido pelo Dr. Gunthard Weber, da Universidade de Heidelberg, da Alemanha, o objetivo é estudar o fenômeno das constelações no atendimento a pacientes com sintomas ou doenças.
"Partimos de algumas condições que nossa prática clínica já apontava como sensíveis a este método, principalmente a fibromialgia, doença de Crohn, insônias persistentes e infertilidade do casal, sem causa orgânica".
Dra. Dagmar Ramos explica que trata-se de uma pesquisa qualitativa, voltada também para orientar os terapeutas consteladores sobre esta particularidade do trabalho sistêmico. "No momento, estamos nos dedicando a escrever as observações, a fim de publicar um livro e um site específico sobre o assunto", diz
Mais informações
www.ibs sistemicas.com.br
em Fortaleza; e-mail:arleide devamoti@gmail.com
ROSE MARY BEZERRA
REDATORA

Fonte: Disponível em: <http://www.ibssistemicas.com.br/site.do?idArtigo=187>. Acesso em 27 de maio de 2013.

Entrevista de Dagmar Ramos para o Diário do Nordeste, Fortaleza - Ceará, em novembro de 2008.
Íntegra da entrevista concedida por Dagmar Ramos à jornalista Rose Mary Bezerra, redatora do Diário do Nordeste, de Fortaleza – Ceará, publicada em 09/11/2008 (http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=587235)
Rose Mary: Poderia nos esclarecer o que levou uma médica ao caminho da Psicologia Transpessoal e das terapias sistêmicas da Constelação Familiar?
Dagmar: Sim. Hoje, aos 50 anos de idade e com quase 30 anos de medicina, olho pra trás e vejo que ao escolher este caminho profissional, minha alma já sabia o que buscava, pois reconheço na profissional da ajuda que sou hoje, a necessidade de ter percorrido as salas de aula, os corredores hospitalares, os laboratórios de química, biologia e anatomia que somente uma Faculdade de Medicina poderia me proporcionar. Inquieta e sempre conectada com uma força, que hoje sei pertencer ao campo mórfico de minha família, tanto paterna, quanto materna, uma força que me impulsiona para o aprofundamento do conhecimento do ser humano e um compromisso social com esta informação. Especializei-me então em Medicina Preventiva e Social, trabalhei alguns anos como médica clínica e sanitarista nas periferias da cidade de São Paulo, dirigi serviços de saúde, coordenei a implantação de vários programas técnicos e sociais nesta área, aprofundei no tema em estágio na Itália e encontrei na Homeopatia, o caminho de volta para a medicina clínica e o olhar focado no ser humano individual e inteiro ali na minha frente. Enquanto uma medicina holística e integral, a Homeopatia me despertou para os aspectos psíquicos e espirituais, já presentes na minha formação humana, familiar e religiosa. Seres em situação de perturbação mental chegaram até o meu consultório e eu me vi obrigada a ir além nos meus conhecimentos científicos médicos e fui estudar a Psicologia. Na psicologia transpessoal, particularmente na Escola da DEP - Dinâmica Energética do Psiquismo, que inclusive tem um núcleo aqui em Fortaleza, fui iniciada neste campo do saber e nesta autotransformação interior que me possibilitaram ampliar o olhar também para fora e enxergar melhor o “outro” que se aproximava de mim buscando ajuda médica, psicológica e/ou espiritual. Chegar na Terapia Sistêmica Fenomenológica de Bert Hellinger – as Constelações Sistêmicas, foi algo natural e inexorável. Os pressupostos teóricos deste método, sua base filosófica, seu caráter fenomenológico, são qualidades já presentes em outras escolas do campo da terapia espiritual em todo o mundo e no Brasil particularmente na Escola da DEP .
Rose Mary: A senhora ainda clinica? Como esses novos enfoques têm contribuído para a saúde de seus pacientes?
Dagmar: Sim. Além do meu consultório particular, trabalho como médica homeopata e psicoterapeuta no Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo em Goiânia. Incluí o trabalho das Constelações Sistêmicas na minha clínica e como muitos outros profissionais, de vários países, que já eram psicoterapeutas quando conheceram o trabalho das Constelações, atuo com um método próprio, uma síntese que inclui todo o conhecimento já existente e o que vem chegando, num processo dinâmico e diverso, em sintonia com a diversidade e a singularidade de cada paciente, cada família, cada sistema.
Rose Mary: O tratamento homeopático se coaduna com estas outras abordagens sistêmicas? De que forma?
Dagmar: Certamente. A homeopatia parte de um princípio sistêmico, da similitude energética dos seres vivos, das interações entre o ser humano e a natureza, da visão total e integrada do ser. Além do mais, ao nos abrirmos para a percepção sutil dos campos e a observação dos fenômenos presentes nas constelações, treinamos o nosso olhar e a nossa intuição e podemos potencializar nossa síntese na busca do remédio homeopático similium. Meus pacientes e eu ganhamos em tempo e em qualidade. Sou grata ao Bert Hellinger também por isto. Temos, inclusive, usado o método fenomenológico das constelações, para a repertorização homeopática, quando precisamos definir entre poucos medicamentos. Este é um trabalho novo, muito promissor, que também está sendo desenvolvido na Alemanha, por profissionais da Homeopatia.
Rose Mary: Poderia citar alguns casos de pacientes (dois ou três) ou situações em que a abordagem sistêmica soluciona problemas de saúde? Como isso ocorre? É eficaz? Permanente?
Dagmar: Está em andamento uma pesquisa científica de amplitude internacional, com a participação de 7 países, dirigida pelo Dr. Gunthard Weber - médico psiquiatra, catedrático da Universidade de Heidelberg e um dos maiores nomes no campo das Constelações Sistêmicas, familiares e empresariais, hoje no mundo – chamada Sisc-Study, ou seja, Sintomas, Doenças e Constelações Sistêmicas. Eu coordeno uma das equipes desta pesquisa, no Brasil e já podemos afirmar que as Constelações Sistêmicas atuam de forma impressionante na solução de sintomas e doenças. São inúmeros casos já comprovados pela experiência clínica e agora, esta pesquisa, pretende sistematizar e aprofundar esta questão. Eu considero que estamos diante de uma verdadeira revolução na Medicina chamada Psicossomática. Estamos presenciando resultados impressionantes em casos de fibromialgia, insônias persistentes, dores crônicas, infertilidade, eczemas e outras doenças.
Por outro lado, o potencial terapêutico, de alívio e melhoria nos casos graves, de preparação e suporte psíquico e espiritual de pacientes com doenças terminais e incuráveis, é muito grande.
Nós chamamos este tipo particular de constelação de “constelações de sintomas” e desenvolvemos um método próprio de lidar com estas questões. Eu posso dizer que este é um trabalho, diante do qual, eu me sinto numa profunda psicossíntese com tudo que já percorri, nesta vida - quiçá em outras.
Vou apresentar em Fortaleza, na palestra inicial ao meu Seminário, o caso de uma paciente, uma médica, que teve um resultado muito bom ao tratar seu “sintoma compulsivo” com uma constelação.
Este caso foi apresentado no VI Congresso Internacional de Constelações Sistêmicas, na Alemanha, em 2007, representando o Brasil neste evento e transformado em um DVD didático: “Sapatos com Laços de Destino”.
Outro caso acompanhado por mim, de uma paciente portadora de uma insônia grave e persistente, foi publicado na Revista do IAG - Associação Alemã de Constelações e pode ser acessado pelo nosso site (www.ibssistemicas.com.br) em “publicações / artigos”.
Rose Mary: Há quem diga que a constelação é um trabalho espiritual. Outros mistificam e apontam como uma sessão espírita. A senhora observa também dessa forma? 6. Como os médicos que são espíritas vêm tratamentos como esses?
Dagmar: Interessante que este método foi sintetizado por um ex-padre católico alemão, muito distante da nossa prática com os fenômenos mediúnicos, tão populares no Brasil, seja no Espiritismo Kardecista, seja em outras correntes. Mas certamente, nós que somos familiarizados com estes fenômenos, podemos perceber similitudes muito interessantes, assim como peculiaridades de cada processo.
Na minha opinião, não devemos nos preocupar com rotulações e conclusões precipitadas. Devemos, outrossim, manter a humildade do olhar observador, diante do fenômeno espetacular dos movimentos da alma em busca de re-equilíbrio e ordem nos sistemas focados e diante do potencial de sensibilidade que qualquer pessoa pode apresentar, durante uma constelação.
O trabalho que as Constelações desenvolve, o campo em que elas atuam, certamente cabem dentro do que chamamos de “espiritual”. O termo “espírita” é diferente, refere-se a outro campo, neste caso relacionado principalmente à Doutrina codificada por Alan Kardec.
Precisamos cuidar para que o método das Constelações Sistêmicas seja preservado de deformidades e descaracterizações que ameacem sua inteireza, seu caráter universal, independente de religião, sua força e seu lugar no campo terapêutico e de aconselhamento a pessoas, famílias e organizações.
Neste sentido existem os Institutos e as Associações Profissionais.
Sou fundadora no Brasil do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas – o IBS Sistêmicas (www.ibssistemicas.com.br), com sede na cidade de Goiânia e atuação em outros estados do país, cujo propósito é sustentar este campo, desenvolvendo e aprofundando conhecimentos, formando profissionais e atuando diretamente junto as famílias, empresas e outras organizações.
Rose Mary: Como ocorre a constelação individual? Para que casos é indicada? Os problemas de saúde podem ser solucionados também por essa via?
Dagmar: O atendimento individual, no consultório, com o método das constelações, chamado de “constelação individual” ou com “imagens / objetos” é uma derivação do método no grupo, desenvolvido principalmente por Sieglinde Schneider que, junto com seu marido Jakob Schneider, é uma das principais terapeutas da primeira geração pós Bert Hellinger. É importante que o terapeuta esteja familiarizado com o método no grupo para então praticá-lo no consultório, com maior propriedade.
Estaremos aprofundando este tema com os terapeutas de Fortaleza, quando teremos a oportunidade de treinar este método e suas inúmeras possibilidades.
Rose Mary: Que tipos de emaranhados (emaranhamentos) pode-se descobrir com a abordagem individual?
Dagmar: Este é um método novo que nos surpreende pelo seu potencial de diagnosticar emaranhamentos, muitas vezes bem antigos e não revelados. Venho utilizando com bons resultados também com crianças e casais. É um campo que está aberto à nossa criatividade e longe de ser delimitado exclusivamente uma ou outra questão.
Agradeço a sua abertura para esta entrevista e a oportunidade que os profissionais locais nos proporcionaram de trazer este trabalho até o Nordeste Brasileiro,
Abraços e até breve, Dagmar Ramos.

Fonte: Disponível em: <http://www.ibssistemicas.com.br/site.do?idArtigo=170>. Consultado em 27 de maio de 2013.

Palestra Vivencial e Workshop: “Pedagogia da Interação Sistêmica”
Focalizadora:
Maria Abadia Silva *

Dirigido à: Educadores, professores, pais, sociedade em geral.
Datas:
Palestra aberta : 13 de Agosto, 2009 – das 19:30 h às 21:30 h
Workshop: de 14 a 16/08

A Pedagogia da Interação Sistêmica é um novo paradigma educativo que surge para resolver problemas de relações, de aprendizagem e de conduta e para promover a necessária integração dos sistemas humanos envolvidos e entrelaçados: o escolar, o familiar e o social. Esta nova abordagem nasce principalmente das Constelações Familiares e as Ordens do Amor trazidas por Bert Hellinger e colaboradores, assim como incorpora os conhecimentos de Humberto Maturana – cientista chileno de renome internacional, Edgar Morin – o grande mestre do Pensamento Complexo e outros mestres da ciência educativa.
Sucesso comprovado em países da Europa, como Alemanha e Espanha e também no México e Argentina, a Pedagogia Sistêmica vem se expandindo pelo mundo e chega a Goiânia pelo Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas, que realiza Palestra Aberta, no próximo dia 13, às 19:30h no Hotel Maione e Workshop, no mesmo local, de 14 a 16 de agosto.
De acordo com a pedagoga Luciene Pinheiro, diretora do Colégio Vida Nova - do Centro de Internação para Adolescentes ( CIA ) do Estado de Goiás e formanda do IBS Sistêmicas, este trabalho tem mostrado resultados surpreendentes: “No trabalho de constelação familiar os alunos aprenderam a respeitarem uns aos outros, a importância da hierarquia nas relações sociais, sentiram-se pertencentes a uma sociedade e deixaram de excluir os diferentes. Por ser uma metodologia breve e sistêmica, percebemos o crescimento e a mudança dos alunos imediatamente, o que nos vem surpreendendo, até por serem adolescentes”.

* Maria Abadia Silva: Arteterapeuta e consultora organizacional na área da Educação e Liderança Sistêmica. Foi Secretária de Estado da Cultura de Goiás e de Goiânia, desenhou e implantou vários projetos de inclusão social, como o bolsa escola em todo o Estado de Goiás. Mestranda em Educação pela UCB – Universidade Católica de Brasília. Estruturou e dirigiu a UNIPAZ – GO. Coordena a área de educação do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas – IBS Sistêmicas.

Informações e contatos:
Dagmar Ramos – Diretora do IBS Sistêmicas
Adriana Barboza - Secretária
Fones: 62-32783895 – 3281 1171 / 81830072, e.mail: contato@ibssistemicas,com.br
http://www.ibssistemicas.com.br/

PEDAGOGIA DA INTERAÇÃO SISTÊMICA

A Educação é um tema da minha vida. Pulsa, comove, palpita, e quanto mais o
tempo passa, cresce mais.
Um batimento estranho no coração ao ouvir e sentir esse nome, Pedagogia da Interação Sistêmica, uma forma de unir e integrar os sistemas, escola/família/sociedade, tudo em harmonia, a sua própria harmonia.
Ao conhecer as Ordens do Amor e sua significação e entrar por esse espaço amplo, aberto, inclusivo, receptivo, e à sua abertura para a vida, como a respiração, como o oxigênio, o pulsar, fui me entregando ao seu encantamento e desconhecido.
Esse percurso do tecer interno que tem início muito antes no tempo.
Desde jovem adolescente, eu sonhava uma escola ideal, esse lugar melhor da vida, onde aprendemos, onde o mundo e as pessoas, os encontros acontecem e onde o futuro é gerado, criado e recriado.
A escola sempre foi minha melhor referência, como minha casa, meu lugar interno, minha família e o caminho a seguir.
Após muitos anos trabalhando com a deputada federal Raquel Teixeira, cujo lema é “uma vida pela educação”, ter desenhado e implantado com ela, o Bolsa Escola no Estado de Goiás, um programa que abre a escola à família e à comunidade.
Após outros tantos anos freqüentando a formação holística com Pierre Weil, aprendendo ampliar o olhar para o mundo dos interiores e os mundos que criamos até onde a consciência alcança, após um percurso de luto, após uma dolorosa reconstrução, e já podendo enxergar o que mais fosse possível, sem nada saber, é que fui me encontrar com a Pedagogia sistêmica.
Dagmar, voltando do Congresso de Pedagogia Sistêmica em Sevilha, me procurou com uma revista, Cuadernos de Pedagogia, pra eu conhecer a grande nova, mas naquele momento, eu implantava a Unipaz em Goiânia, e estava tomada de afazeres e ela, médica, com dois filhos crianças, implantando o Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas! Ficou no desejo.
Contudo, nosso encontro estava marcado. Tínhamos uma amiga comum, a Marisa, consultora, mulher do seu tempo, íntegra, inteira, bonita e sábia que, mesmo com um câncer no cérebro, insistia em realizar esse nosso encontro.
Pensamento sistêmico, complexidade, transdisciplinaridade, vida e morte, vida de novo, integrando, fazendo a síntese.
Marisa se foi e nos deixou juntas e entregues a uma descoberta, que nem sabíamos, nem imaginávamos. Um risco? Uma experiência? Apenas acatamos, em silêncio, seu pedido.
Reverenciamos nossa querida amiga, nosso amor por ela, nossa gratidão pelo encontro e iniciamos nossa caminhada juntas.
Quase um ano depois, vamos realizar juntas nosso primeiro seminário e celebrar o lançamento da nossa Formação em Pedagogia da Interação Sistêmica para educadores, pais, pessoas que querem se encontrar e viver este sonho.
A proposta é construir aquele edificio amoroso da escola e abrir, mais ainda suas portas e seu coração.
Maturana enche nosso coração e nossa vida com tanta poesia, e nos mostra o mundo natural que esquecemos, e nos resgata de volta para o sonho da construção, da rede, da relação, da confiança e do amor do ser humano pelo ser humano, pela humanidade, pela vida e pelo mundo.
Quando um trabalho é tão significativo e importante como esse, quando realizá-lo, prepará-lo nos ocupa a vida e a alma dia e noite, quando, através dele nos encontramos com outras pessoas, importantes como Bert Hellinger, como Maturana, como Morin, como a professora Maria Cândida de Moraes e como a Dagmar e a Fátima e como o Maurice, a vida ganha um sentido mais que especial.
Eu sei que nesta escola vou me encontrar com o Erich, meu neto, e com outros netos, e com os outros filhos que não terei, mas que serão os filhos de minha espécie, os filhos que deixaremos.
A vida ganha um sentido de estar vivo, de verdadeiro, porque é um sonho, um ideal, uma promessa, um trabalho que vai se encontrando com os sonhos de muitos outros e se tornando mais real a cada dia, a cada momento.
A vida ganha um sentido que se amplia em múltiplas rodas com todo tipo de pessoas, crianças, jovens e adultos e idosos, dialogando e unindo os vários mundos em expansão, em abraços e sorrisos, como diz a querida Dagmar, um mundo feliz.
Maria Abadia Silva/2009.

sexta-feira, 31 de julho de 2009


Pensamento Sistêmico


O pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do séc. XVII, como Descartes, Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade. Os paradigmas da ciência segundo o pensamento sistêmico

O pressuposto da simplicidade

1. O pressuposto da simplicidade - a crença em que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que "o microscópico é simples". Daí decorrem, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.

O pressuposto da simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos, prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo. Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude ou-ou, que, de acordo com a lógica, classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber, fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas... Dessa forma criam-se os especialistas, aquele que tem um acesso privilegiado ao saber, estabelecendo-se uma hierarquia do saber.

Os sistemas são concebidos como simples, agregados mecanicistas de partes em relações causais separadas umas das outras, o que resulta em uma concepção de causalidade linear unidirecional, isto é, a causa eficiente aristotélica, como único princípio explicativo admissível.
Outra consequência dessa atitude é a crença de que o mundo é cognoscível desde que seja abordado de forma racional. Uma lógica que procura manter o equilíbrio do discurso através da expulsão da contradição (Morin). A existência de paradoxos, no entanto, faz decair essa postura, o que levou Russel a abordar os paradoxos na forma da teoria dos níveis lógicos.
O pressuposto da estabilidade

2. O pressuposto da estabilidade - a crença de que o mundo é estável, ou seja, em que o "mundo já é". Ligados a esse pressuposto estão a crença na determinação - com a consequente previsibilidade dos fenômenos - e a crença na reversibilidade - com a consequente controlabilidade dos fenômenos.

O pressuposto da estabilidade leva o cientista a estudar os fenômenos em laboratório, onde pode variar os fatores um de cada vez, exercendo controle sobre as outras variáveis. Assim, ele provoca a natureza para que explicite, sem ambiguidade, as leis a que está submetida, confirmando ou não suas hipóteses. Ao levar o fenômeno para laboratório, excluindo o contexto e a complexidade, focalizando apenas o fenômeno que estava acontecendo, ele exclui a sua história.

A idéia de "leis da natureza" é a mais fundamental da ciência moderna e tem uma conotação legalista, como se a natureza fosse obrigada a seguir leis... Possivelmente isso está ligado a idéias religiosas que concebem um legislador onipotente. Será que isso não seria uma tentativa de equiparar o conhecimento humano ao divino?

Dessa forma, principalmente a física concebe o mundo "que já é", e não em processo de ser, recorrendo a sistemas em estado de equilíbrio para estudo. Também por isso a física quântica quebrou velhos paradigmas...

Faz parte desse paradigma o pressuposto da previsibilidade: o que não é previsto com segurança é associado a um conhecimento imperfeito, o que leva a uma redução ainda maior do conhecimento por meio do pressuposto da simplicidade. Por conseguinte, a instabilidade de um sistema é visto como um desvio a corrigir. A idéia da controlabilidade dos fenômenos leva a uma interação do especialista na forma de uma interação instrutiva: a crença de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlado e previsível.

O pressuposto da objetividade

3. O pressuposto da objetividade - a crença em que "é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade" e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento.

No pressuposto da objetividade o cientista posiciona-se "fora da natureza", em posição privilegiada, com uma visão abrangente, procurando discriminar o objetivo do ilusório (suas próprias opiniões ou subjetividade). Daí advém a crença no realismo do universo: o mundo e o que nele acontece é real e existe independente de quem o descreve. Com isso obtemos várias representações da realidade, que ajudaria a descobri-la. E o critério de certeza advém daquelas observações conjuntas e reproduzíveis, onde, coincidindo os registros de observações independentes, mais confiáveis e objetivas são as afirmações. A estatística encontra aí um bom campo de atuação.

O relatório impessoal e as normas de trabalho científico orientam uma linguagem impessoal, "como se a caneta fosse um instrumento para a manifestação de uma verdade anônima"... Na verdade, a linguagem impessoal visa a "mascarar" a linguagem de forma a dar uma impressão de ausência de um sujeito, de um pesquisador, onde uma afirmação pode tomar a forma impessoal para mascarar uma opinião pessoal...

Resumindo: a ciência tradicional procura simplificar o universo (dimensão da simplicidade) para conhecê-lo ou saber como funciona (dimensão da estabilidade), tal como ele é na realidade (dimensão da objetividade). Fonte: http://interacaosistemica.blogspot.com.br/

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