segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O Reiki na Escola Parque 210/211 em Brasília

O Reiki na Escola Parque 210/211 em Brasília

            Em 1957, Juscelino Kubitscheck solicitou ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - Inep, dirigido na época por Anísio Teixeira[9], a elaboração do Plano de Sistema Escolar Público de Brasília que teve por modelo a experiência de escola integral em tempo integral (alimentação, higiene, socialização, preparação para o trabalho), implementada em Salvador, por Anísio Teixeira, no período em que foi Secretário de Educação (1947-1951). De fato, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, complexo escolar formado por quatro Escolas-Classe e a Escola Parque, pretendeu ser um exemplo para o sistema educacional do país.
            De acordo com Ernesto Silva (1985) O Plano Educacional teve a contribuição, em especial, de Lúcio Costa, Anísio Teixeira, Paulo de Almeida Campos e dele. Inpirados na filosofia de educação integral do educador baiano Anísio Teixeira, empreenderam esforços na sua concretização que previa para a “educação elementar”[10] o seguinte percurso: Jardins de Infância (4 a 6 anos); Escolas Classe (7 a 12 anos – educação intelectual sistemática) e Escolas Parque (7 a 14 anos - complementação de tarefas da escola classe, educação física, atividades sociais e de iniciação ao trabalho, recreação e  artes). Seguindo o Plano, cada superquadra deveria ter um jardim de infância (160 alunos) e uma escola classe (16 turmas de 30 alunos). Para quatro superquadras uma escola parque (2000 alunos de quatro escolas classe). Os alunos deveriam freqüentar a Escola Classe em um turno e no outro a Escola Parque.
            Esse modelo continua sendo seguido em Brasília. Em 1980 foi fundada a Escola Parque 210/211 Norte que atualmente atende cerca de 2300 alunos provenientes de oito Escolas Classe: 409 Norte (5ª a 8ª série), 113, 115, 312, 316, 407, 411, 415 Norte (1ª a 4ª série). Até 2003 recebiam os alunos em todos os dias da semana. A partir de então, estabeleceram a presença de turmas por dia, considerando a série que estavam cursando. Assim nas segundas-feiras, por exemplo, apenas alunos da 1ª série freqüentam a escola.
            São desenvolvidas com os discentes, entre outras atividades: artes cênicas, artes visuais, educação física, música. Além disso, existe o Setor de Assistência ao Aluno que em 1999 iniciou o “Projeto Bate Papo”. Ao invés de tratar a indisciplina escolar com punição, optaram pelo diálogo, trabalhando em parceria com o setor de Psicologia Escolar. Iniciaram fazendo uma triagem com os alunos que apresentavam sinais de “... rebeldia, apatia, falta de interesse, desconcentração, inadaptação ou qualquer outro comportamento que interfira na Disciplina escolar ou na aprendizagem” (Projeto Reiki na Educação, 2001, p.1). Essa postura possibilitou a escuta sensível do aluno:

Ouvir o aluno é algo que raramente se faz. Com o “Bate-Papo” tinham a oportunidade de falar sobre o que estava acontecendo na escola, sobre a advertência, suspensão e por vezes sobre a questão da harmonia na família. Além disso, a Marília, professora de Educação Física, começou a falar sobre o Reiki. No começo não me interessei, mas não concordo com advertência e suspensão. Ao invés de mandar o aluno para ficar em casa só é melhor que ele faça um tratamento na escola. Em 1999 era a época em que eu deveria estar me aposentando. Fiquei para conhecer o Reiki. (Profa Georgete Barcelos – Setor de Assistência ao Aluno e Terapeuta Reikiana)[11].

            A professora Marilia Assunção conheceu o Reiki buscando tratar um problema de saúde que limitou a realização de suas funções como educadora física. Apresentou então ao Prof Márcio Rossi (Diretor da Escola Parque 210/211) a proposta da aplicação de Reiki na Escola, com o objetivo de amenizar os problemas disciplinares, assim como melhorar a qualidade de vida no trabalho em grupo.
Como professora, as vezes aplicava Reiki nos colegas que chegavam com dores de cabeça ou com qualquer problema emocional, que os deixavam com dificuldade de concentração para o trabalho.Em sala de aula, às vezes aplicava Reiki nos alunos que chegavam gripados, febris, com dores, com cansaço mental, desanimados, ou quando me pediam para colocar a mão neles para relaxarem. (...).Através do Reiki, poderia auxiliar no trabalho desenvolvido pela Assistência ao Aluno (Projeto Bate Papo) e pela psicologia escolar, e ao mesmo tempo estaria desenvolvendo uma atividade dentro da área técnico-pedagógica ... (Profa Marília Assunção. Mestra em Reiki. Responsável pelo Projeto Reiki na Educação. Projeto Reiki na Educação, 2001, p.3).
            Após uma reunião com os docentes - muitos já tinham passado pelo tratamento informalmente, como pode ser verificado no depoimento acima - e contando com o apoio do Diretor Márcio Rossi, foi enviado à Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal o Projeto “Reiki na Educação” (2001). Anexos ao projeto foram enviados os seguintes documentos: “contrato para aplicação do Reiki (autorização dos pais ou responsáveis, ficha de atendimento (uso do reikiano), ficha para observação energética (uso do reikiano), comunicado de atendimento do aluno para o professor, depoimentos de alunos, professores da escola que já receberam o Reiki, cópias de artigos e reportagens publicados em revistas e jornais, sobre as diversas áreas em que o Reiki vem sendo empregado e o público beneficiado por essa técnica.
            O Projeto obteve um parecer favorável da Secretaria de Educação do Distrito Federal “tendo em vista a visão global do homem em seus aspectos biológico, social, psicológico e espiritual”. Ressaltaram, que os pais deveriam ser informados dessa atividade e caso desejassem a participação dos filhos teriam de assinar a autorização.
A Profa Marília levou ainda um Mestre em Reiki à Escola, para falar sobre o assunto.. Foram organizados cursos e alguns docentes participaram. Atualmente dos 50, cerca de 20 professores são reikianos nessa instituição. Um marco, com relação a resultado positivo a partir do tratamento foi, segundo a Profa Georgete, o caso de um aluno com poucas facilidades em vários aspectos da sua vida, e que após o tratamento mudou positivamente o comportamento, conseguindo, inclusive, ser aprovado para a 3ª Série. O próprio aluno agradeceu muito. Veio uma pessoa da “Casa Ismael”, onde ele morava, conversar sobre o ocorrido. A partir daí, na própria comunidade, as mães começaram a solicitar o tratamento para seus filhos.
A primeira coisa que mudou foi o comportamento. Ele passou a gostar dele. Começou a se encontrar. Aí todo mundo notou porque ele sempre ficava todo ano na mesma série e com problemas. Hoje as mães nem esperam a escola indicar. Já pedem para o filho participar do Reiki (Profa Georgete Barcelos da Silva – Setor de Assistência ao Aluno e Terapeuta Reikiana).
            A Sala de Reiki é harmoniosa e bem organizada. É equipada com duas macas cobertas por lençóis limpos, aparelho de som, CD´s, fitas k7. São atendidos alunos, pais, professores, funcionários e pessoas da comunidade que tenham ligação com os estudantes. As sessões são marcadas previamente. Durante o ano de 2003, no Projeto Reiki na Educação, foram atendidas, pelas Professoras Marília Assunção e Georgete Barcelos, 184 pessoas (62 alunos, 52 funcionários, 60 pessoas da comunidade – pais, amigos e parentes). (Araújo, da Silva, 2003). Foi realizado ainda acompanhamento às turmas de Artes Cênicas, Artes Visuais, Música e Educação Física. Além disso, alguns professores buscaram o atendimento:

O Reiki foi procurado por professores desta escola, também, como um “Bate-Papo”, onde foram tratados assuntos de ordem profissional e pessoal, que influenciavam de alguma maneira a produtividade desses profissionais em sala de aula. Através desse acompanhamento esses profissionais melhoraram sua qualidade de vida pessoal e conseqüentemente profissional (Araújo, da Silva, 2003, p.1).

            Os registros das terapeutas são feitos nas fichas de acompanhamento, no intuito de avaliar as mudanças ocorridas durante as aplicações de Reiki. É muito interessante também os depoimentos escritos pelos pacientes sobre as suas percepções durante o tratamento. Apresentaremos alguns sem revelar nomes, apenas indicando escola série e idade[12].

O reike é muito bom para as pessoas nervosas (...). Ele ajuda para acalmar a alma e também tanquilidade (Aluno da Escola Classe 115 Norte. 3ª série).
Relaxei muito e me sinto aliviada. Sinto a energia do Heik como uma espuma... (Aluna da Escola Classe 407 Norte. 3ª série).
O Reiki está me fazendo muito bem, ultimamente minha relação em casa está melhor. Eu não venho sentindo mais dores na coluna (..) e outros problemas físicos. Estou me sentindo ótima (Aluna da Escola Classe 409 Norte. 8ª Série).
Eu me sinto mais tranqüilo, durmo melhor, me sinto menos agressivo.Estou sonhando com coisas boas. Pensando em coisas boas. Enfim o reiki me ajudou a relaxar e refletir (Aluno da Escola Classe 409 Norte. 7ª Série).
            Há depoimentos de professores que apontam a revitalização física, ou  a sensação de segurança ao conversar com alunos, depois de ter sido desafiado pela turma. Outro declarou que após a sessão passou a rever sua metodologia de trabalho e planejava suas aulas agora mais em contato com a natureza, levando os alunos para espaços mais arborizados.
Procurei ajuda e após o REIKI, busquei alternativas juntamente com os alunos e superei os problemas numa boa.Fiquei mais tranqüila e feliz como profissional (Professora).
No começo, em meu primeiro contato com o Reiki, eu não estava muito a vontade (..). Porém, da segunda sessão em diante fui ficando mais relaxado (..) uma paz enorme,  tirando angustias e preocupações. Eu sentia necessidade de saber mais sobre essa forma de passar amor, carinho e uma paz interior aos meus semelhantes. Assim, na minha quarta sessão eu já estava iniciado como reikiano nível I, e com a vontade de absorver mais conhecimentos sobre o Reiki (Professor).

            Esse projeto está tendo continuidade e como foi possível verificar vem proporcionando bem-estar, crescimento, segurança e tranqüilidade para a Escola 210/211Norte. È louvável a iniciativa das professoras, assim como a abertura da direção e da Secretaria de Educação do Distrito Federal em apoiar praticas como essa, que contribuem para a construção de uma cultura de paz.
Fonte: http://www.orion.med.br/index.php/artigos-por-autor/27-frases/pazecologia/996-vivencia-de-paz?showall=&start=3

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